segunda-feira, 11 de abril de 2011

A pergunta que não quer calar: vocês terão esse bebê?

Receber o diagnóstico de uma síndrome não é fácil. Hoje posso escrever tudo isso pois já passei pelo meu período de luto. Luto pelo filho idealizado. Aquele que irá cumprir com todas as nossas expectativas. Médico? Advogado? Que caminhos seguirá? Quantas línguas falará?
Mesmo diante da tristeza, nunca me passou pela cabeça interromper minha gravidez. Mas sempre fiquei intrigada com a quantidade de pessoas que me perguntavam: você vai ter esse bebê?
Longe de mim parecer moralista ou julgar aqueles que são a favor do aborto. Cada experiência é única e não pode ser analisada por ninguém que não esteja vivendo a situação, mas nunca imaginei que esse assunto fosse falado tão abertamente.
Até onde eu sabia, porque hoje vejo tudo isso de forma diferente, o aborto no Brasil é ilegal e não deveria ser "oferecido" tão facilmente.
Hoje, tentando encontrar uma explicação pra tudo que vivemos, chego a conclusão de que o ser humano não foi criado pra lidar com a diferença. Na nossa cultura, ser diferente está sempre relacionado a ser pior, ser inferior.
Acho que as pessoas se esquecem de alguns exemplos que vão contra essa regra. Até onde eu sei, Einstein não era a pessoa mais normal do mundo. O homem mais poderoso do mundo hoje é um negro. Até o policial que conseguiu evitar uma tragédia maior no rio tá com uns quilinhos a mais. E daí?
Alguns psicólogos de plantão podem pensar que esse tipo de pensamento é compensatório, uma projeção pra que eu não entre em contato com as limitações do meu filho.
Posso dizer com muita tranquilidade que conheço e reconheço as limitações do Miguel e com isso me tornei uma pessoa muito mais feliz.
Não sei se poderia contribuir pro meu filho ser um médico, até por que entendo muito pouco de medicina. De direito então, nem se fala. Se eu for repensar minha trajetória escolar, ela não foi das melhores. Sempre gostei de ir a escola, mas não posso dizer que gostava de estudar, uma paixão que só descobri na faculdade.
Mas tem uma coisa que eu entendo e que eu sei que poderei ajudar muito o Miguel: ser feliz e acima de tudo ser amado. E não deveria ser esse o desejo de toda mãe? Será que isso não basta?
Posso não contribuir no mundo com um filho que descobrirá a cura do câncer ou do HIV. Mas tenho a certeza de que contribuirei para um mundo mais feliz, mais inocente, mais ESPECIAL.

17 comentários:

  1. Nossa, lindo post, já sou sua fã!
    Tbem acho um absurdo perguntarem se vc ia realmente tê-lo, a pergunta deveria ser pq não tê-lo?
    Se foi um bb tão esperado e desde o início tão amado, não restam dúvidas que vc ia tê-lo.

    Bjos

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  2. Fernanda, mas temos que ter esperança que um dia essas diferenças não serão vistas pelo lado negativo, né?? Eu tenho a impressão que as coisas estão mudando. Devagar, mas estão.
    Quando mudei meu filho de escola, escolhi uma escola inclusiva (mas inclusiva MESMO, não as que apenas "aceitam" crianças down) e meu filho sabe que em alguns momentos tem que ter um pouco mais de paciência com esses colegas, mas NUNCA falou que são "diferentes", assim como qualquer outro colega,entende?
    E assim eu, pelo menos, penso que ele vai crescer sabendo lidar com todas as diferenças que existem, né?
    beijos
    Bianca

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  3. Oi, Fernanda!

    Cheguei aqui pelo blog da Camila e adorei seus relatos, sua história, sua maneira de expressar seus sentimentos todos!

    Não tenho dúvidas de que ter um filho especial torna os que convivem com ele pessoas ainda melhores!

    E não me conformo, tão ppuco entendo, o pensamento de pessoas que fazem esse tipo de questionamento a uma mãe...

    Um beijo, querida!

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  4. Fernanda concordo com vc na questão do diferente não ser tão bem aceito, e posso dizer que o diferente nos tira da nossa zona de conforto, nos faz pensar, nos desafia. Uma vez vi em uma reportagem, que as mamães de crianças portadoras da síndrome de down são escolhidas a dedo por Papai do Céu, pois são pessoas de muita força, fé e principalmente amor. Você é um exemplo disso, porque não sucumbiu a oferta de um aborto aparentemente "livre de culpa". Bjks pra vc e pro Miguel, vou adorar acompanhar seu blog!!!

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  5. Olha a coincidência. Conheci seu blog através da Camila e dei uma lida hoje de manhã, antes de sair. Não tive tempo de comentar porque ia levar a minha pequena ao pediatra. Chegando lá, vi uma foto do seu Miguel (sabia que era ele porque tinha acabado de ler o blog e lembrava o sobrenome). Ou nós temos o mesmo pediatra ou sua pediatra trabalha no mesmo consultório que o meu.
    Amei seu blog, sua história, sua trajetória com o pequeno e vou acompanhar tudinho.
    beijos pra vc e pro Miguel!

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  6. Que lindo sei post.. Também já sou sua fã! Se Deus permitiu que vc tivesse o Miguel ele sabia que vc seria a melhor mãe que ele poderia ter!

    Beijos e beijos!

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  7. Fernanda, minha mãe faz parte do grupo da Pastoral: A favor da Vida e já mostrei seu blog pra ela. Vc vai ser um exemplo pras tantas meninas grávidas q ela conhece e com certeza o seu Miguel, msm q de longe, vai virar "um xodó" pra minha mãe. Valeu por trazer o Miguel pra gente conhecer! Bjs. Estaremos sempre por aqui!

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  8. Oi Fernanda, cheguei no seu blog através do blog "Mamãe tá ocupada". Parabéns pela força. Seus textos são ótimos. Sabe, eu tenho uma tia que tem SD e o que me surpreende é que eu só fui entender isso depois de grande, depois que alguém disse pra mim que ela era diferente. Claro ela tem suas diferenças mas pra mim enquanto criança eram apenas diferenças que todo mundo tem, afinal ninguém é igual. Para minha avó ela é igual aos outros filhos com os mesmos deveres e direitos. E pronto. Agora o que eu não entendo é porque esse alarde todo que as pessoas fazem por conta de uma pessoa diferente? Como eu sempre digo diferente é só difente, nem melhor, nem pior.

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  9. Você aprendendo com Miguel e nós aprendendo com vcs a cada post!

    Realmente deve ser difícil ouvir questionamentos desse tipo. Mas que bom que Miguel se sente amado e querido desde sempre. Isso faz toda a diferença.

    bjs grandes.
    Flavia.

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  10. Olá Fernanda!

    Estou grávida de 11 semanas e 6 dias e já sou sua fã, o Miguel (assim como o anjo) é uma criança abençoada de ter uma mãe como vc. Parabéns!!! Concordo plenamente com todas suas palavras, tantas mulheres querendo engravidar e com tantas dificuldades e as pessoas ainda têm a cara de pau de fazer esse tipo de pergunta como o aborto, para mim é inveja! A vida é um presente de Deus e te garanto que o Miguel será a maior felicidade da sua vida :-)
    Bjos
    Gabi e bebê

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  11. Fernanda, seu blog é lindo!! Vou acompanhar pq tenho certeza q o Miguel será exemplo pra todos nós! Não sei se lembra de mim, nos conhecemos num churrasco na casa do Mauro quando eu trabalhava com o Leandro. Tb tive um filho (hj com 11 meses), e esse seu ultimo post me deixou muito emocionada.... Fiquei muito triste imaginando que alguém possa interromper uma gestação por descobrir que o bb tenha sindrome de down pois com 12 semanas, qdo fiz o morfológico, meu filho já era uma parte inseparável do meu coração... Não me importava qtos dedinhos, qto as medidas dariam... Mas tb fiquei muito feliz pelo Miguel, que nasceu num lar tão ESPECIAL.
    Me lembrei de uma frase que ouvi uma vez que era mais ou menos assim: Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.
    Bjs pra vcs!

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  12. Fe estou muito emocionada em ler a historia do Miguel e ir lembrando das nossas historias, eu, vc a Tati; é que presente Deus nos deu né, temos que fazer isso mesmo que vc esta fazendo Fe para tentarmos mudar o mundo mostrando que eles são tão especiais pra nós familia como qualquer outra criança e que tbm será para a sociedade...

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  13. LINDISSIMO blog...me apaixonei!!!
    E só posso te dizer: crianças especiais escolhem pais especiais...
    Muitas felicidades na vida de vocês!!!
    BJS

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  14. Oi, Fernanda.
    Acredite, Miguel precisava passar por essa experiência nessa vida e sabiamente ele escolheu a melhor mãe do mundo para ele.
    Bjs.

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  15. Fefa, adorei o post! Você conseguiu resumir os sentimentos mais puros em palavras.... Amei.... Bjosss

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  16. Parabéns pelas palavras ... eu tive uma menina com SD em 10.03.11 e só fiquei sabendo no dia do seu nascimento !
    E me perguntão como não fiquei sabendo antes e eu respondo... que diferença faria, afinal, ela é minha filha e isso não é reversível, ou será, que seria óbvio optar pelo aborto ... as pessoas não estão preparadas para ve-los com olhos normais, mas Deus é Quem muda tudo e todos.

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