quarta-feira, 13 de abril de 2011

A vida nos prepara (parte 3)

Não posso continuar a contar essa história, sem antes apresentar algumas personagens mais do que especiais que fizeram toda diferença nos capítulos a seguir.
Já apresentei anteriormente as duas pessoas que mais nos apoiaram e acolheram durante todo o processo de diagnóstico: minha mãe e meu pai. Posso dizer também que fomos surpreendidos com a quantidade de verdadeiros amigos que descobrimos durante todo esse percurso. Pessoas que doaram todo o seu amor pra cuidar de nós.
Mas nesse momento, preciso falar de duas pessoas em especial que foram e são diretamente responsáveis pelo sucesso em todo tratamento do Miguel.
Alguns anos atrás, ainda na faculdade de psicologia, uma professora que gostou de um trabalho apresentado pelo meu grupo, convidou a mim e a uma amiga a desenvolver um projeto de iniciação científica na área de álcool e drogas. Apesar de gostar do trabalho com crianças, durante toda formação experimentei várias áreas de atuação, o que com toda certeza contribuiu muito para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Aceitamos o trabalho e quando percebemos, o assunto começou a tomar conta de nossas vidas. Começamos a ser chamadas a apresentar palestras e recebemos até uma menção honrosa pelo trabalho realizado, que por sua importância acabou sendo estendido por 3 anos. Depois disso, começei a desenvolver trabalhos também nessa área.   
Em um desses trabalhos, no instituto de psiquiatria do hospital das clínicas, conheci aquela que hoje é o meu maior exemplo de profissional e mãe. Uma mulher de muita fibra, caráter, carisma, que consegue, com muita excelência, conciliar seu trabalho como psicóloga com sua vida de mãe. De uma grande chefe, tornou-se uma grande amiga, que acredita no meu trabalho e que está sempre disponível pra me aconselhar e orientar. Uma pessoa tão diferenciada que só poderia ter um nome a altura: Solveig. Assim como ela, um nome único.
Começei a receber muitos pacientes indicados por ela. E, em uma dessas relações profissionais, tive o meu primeiro contato com aquela que seria, anos depois, o maior anjo da guarda na terra do pequeno Miguel. A princípio foi um contato comum, mas me chamou a atenção a dedicação e o interesse daquela profissional com o bem estar do paciente em questão.
Hoje em dia é mais comum desenvolvermos trabalhos multidisciplinares, mas na mentalidade de muitos médicos, o trabalho do psicólogo é descartável, sem importância. Não para aquela pediatra. Fui tratada como igual. Se não estiver enganada, esse contato aconteceu em 2006. Nem podia imaginar que quatro anos depois nossas vidas novamente se cruzariam.
Quando fui internada na maternidade pra tentar cuidar da saúde do meu bebê, avisei a minha amiga que passaria um tempo "fora do ar". No mesmo minuto, ela me disse que entraria em contato com uma amiga que era pediatra da UTI daquela maternidade.
No mesmo dia recebi um telefonema da tal pediatra. Ela me falou que já estava informada do meu caso e que eu ficasse tranquila que ela, pessoalmente, cuidaria para que tudo desse certo. Essa foi a primeira promessa que ela me fez.
Nascendo o Miguel fora do prazo esperado e sem aviso prévio - ficamos sabendo do seu nascimento algumas horas antes - ela não conseguiu chegar ao hospital a tempo, mas se certificou de que no momento do nascimento haveria alguém capacitado pra receber o Miguel.
Antes do nascimento, ela me deixou a par de tudo que aconteceria: já sabia os médicos que estavam de plantão, os horários em que ela estaria no hospital, quem cuidaria dele até a sua chegada. Depois, passei a acompanhar todo o desenvolvimento dele naquelas que seriam as horas mais importantes de sua vida até seu quadro se estabilizar.
Acho que estava tão atordoada com toda aquela situação que nem havia parado pra analisar as peças desse quebra cabeça. Como sei que elas tem uma relação muito especial, pensava que se tratava de uma ajuda de amigas. Hoje eu sei que não foi nada disso! Aquela pediatra que me tratou como igual e que deu atenção às minhas orientações, agora era responsável pelo bem estar do meu filho. Quando pude juntar essas peças tive a certeza de que o Miguel não poderia estar em melhores mãos. Miguel naquele momento ganhou um anjo guardião na terra: Dra. Renata.
Durante 90 dias ela cuidou pra que tudo acontecesse da melhor forma possível. Sua dedicação ultrapassou todos os limites profissionais. Ela não cuidava só do Miguel. Ela cuidava de mim e do meu marido, ouvia nossas angústias, acalmava nossa aflição. Posso dizer que ganhei muitas coisas em nossa estadia na UTI, mas uma das mais importantes, além da recuperação e saúde do meu pequeno guerreiro, foi a amizade dessa grande mulher.
A vocês, Sol e Rê, nosso muito obrigada. Vocês fazem parte dessa história. Amamos vocês.



2 comentários:

  1. contem comigo antes, agora e sempre ...

    ResponderExcluir
  2. Fer!
    Já estou acompanhando teu blog!!!
    Tu és um exemplo a ser seguido!
    Parabéns!
    Bjs,
    Mariana
    www.mmmais3.blogspot.com

    ResponderExcluir