segunda-feira, 2 de maio de 2011

A Saída da Maternidade

Os primeiros dias após o parto foram de grande expectativa e ansiedade. Passávamos todo o tempo possível ao lado de nosso bebê. Tentávamos ser fortes e otimistas, mas em alguns momentos era inevitável a dor e o choro.
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que recebi alta da maternidade. Aquela cena de novela e revista CARAS, da mãe e o pai saindo da maternidade com seu filho no colo, sorriso estampado no rosto, faziam parte de nossos sonhos, mas não de nossa realidade.
Apesar de estar na UTI, podia ver o Miguel a toda hora, com um simples apertar de botão (subia do quarto para o sexto andar da maternidade). Mas não seria mais assim.
Recebi alta e levamos todos os nossos pertences - e não eram poucos já que permaneceria um mês internada - para o carro. Depois subimos para nos despedir, mesmo que só por algumas horas, do Miguel. 
Quando cheguei ao seu lado, paralisei. Não conseguia dizer uma só palavra. Chorava compulsivamente. Entrei em pânico. 
Meu marido e a equipe tentavam me acalmar, mas naquele momento pude entender o sentido do amor incondicional. Sair da maternidade sem o Miguel era a mesma coisa que sair sem uma parte de mim. E como é possível sobreviver assim?
O trajeto até em casa foi desesperador. Fui tomada por uma angústia e uma tristeza que me fizeram ligar para o psiquiatra, afinal eu com certeza estava com depressão pós parto. Contei a ele o que estava acontecendo e ele, com toda sua tranquilidade e sabedoria, validou a minha tristeza. 
Naquele momento recebi a "autorização" que eu precisava pra sofrer, sem ser criticada, julgada ou analisada. E assim o fiz. Chorei, esperniei, me permiti sentir aquela dor. E como era forte!
Quando cheguei em casa fiquei ainda pior. A casa estava tomada de brinquedos, presentes e coisinhas de bebê. Tudo estava ali, menos o bebê.
Um sentimento de vazio tomou conta de nós e começamos a brigar na tentativa de ocupar aquele silêncio, mascarar aquela tristeza. Não adiantou. Então nos rendemos. Sentamos, choramos, sofremos.

5 comentários:

  1. Fe esse sem duvida nenhuma é o pior momento para uma mãe de UTI...não consegui ler sem me emocionar e lembrar deste dia....

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  2. Eu passei pela mesma coisa, e foi muito difícil, eu passava o dia no hospital pois morava longe, e não dava para ir para casa entre as tentavivas de dar mama.
    Bjos
    Ana
    http://amaedosgmeos.blogspot.com/

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  3. A cada post uma nova emoção....

    Amo estar aqui!!!

    Beijos

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  4. Fê.... Lembro como hoje como foi difícil este dia, adiei minha saída ao máximo e rc chorei sem parar um só minuto longe do Matteo. Só quem passa por isso é capaz de saber o quão forte é essa dor !!!!!

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  5. Passa no meu blog que tem selinho pra vc!!!
    Bjos
    Ana
    http://amaedosgmeos.blogspot.com/

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