quarta-feira, 13 de abril de 2011

A hora do parto: experiência única

Como vocês puderam perceber, a história do Miguel está longe de ser uma história previsível. Diante de tantos percalços o parto não poderia ser diferente.
O dia 07 de agosto de 2010 parecia mais um dia comum, como todos os outros no hospital. Acordamos, tomamos café e recebemos a visita de nossos sobrinhos para uma festa muito especial. Dia 7 é aniversário da minha querida afilhada e como estava internada, minha irmã providenciou tudo para que a festa pudesse ser feita no quarto do hospital.
Fizemos a maior farra. Depois que eles foram embora parecia que um furacão havia passado pelo quarto. Havia chocolate por toda parte.
Logo depois fomos levados a sala de exames, onde faria o meu acompanhamento diário. A médica já estava a nossa espera. Ela iniciou o exame e logo percebemos que algo estava errado: o exame havia piorado em relação aos dias anteriores.
Confirmando minhas descrenças em coincidências, naquele dia meu médico estava em um congresso, acompanhado do nosso geneticista e de uma das médicas da UTI da maternidade. Horas depois descobrimos que na hora em que a médica conseguiu localizá-lo, ele almoçava na companhia dos outros dois médicos.
Ainda não tinha encontrado minha mãe desde a minha internação. Quinze dias antes, ela havia sido submetida a uma cirurgia pra retirada de câncer no rim. Sua locomoção ainda estava dificultada e ela não poderia passar muito tempo sentada no carro. Como o trânsito de São Paulo é sempre uma caixinha de surpresas, ela combinou que me veria no sábado.
Uma hora depois meu médico chegou ao hospital. Com toda sua sabedoria e calma, entrou no quarto e nos esclareceu de todo o risco que o pequeno Miguel poderia correr e que ele teria mais changes fora do útero. Eram duas horas da tarde e o parto foi marcado para as sete. Naquele momento entrei em desespero. Eu e minha mãe nos demos as mãos e começamos a rezar.
As horas passavam e a ansiedade tomava conta do meu corpo e mente. Além da minha preocupação com o parto, estava muito preocupada com a saúde dos meus pais. Tinha muito medo que eles passassem mal com todos os imprevistos. Minha mãe, mesmo com dores, disse que não sairia do meu lado até a hora do nascimento. Meu pai, com toda sua fé, tentava nos acalmar.
As seis horas começaram os preparativos para a cesárea. Enquanto a enfermeira me preparava, ouvi uma grande movimentação do lado de fora do quarto. Alguns amigos sem saber de nada resolveram nos visitar e foram surpreendidos com a notícia do nascimento. Pedi a eles que permanecessem até o final da cesárea e que acolhessem meus pais no caso de alguma emergência.
Fui para a sala de parto e fiquei muito tranquila ao ver todos eles do lado de fora (naquelas janelas especiais) rezando e torcendo por nós. Por se tratar de um parto de risco e de um bebê muito prematuro, meu obstreta havia informado que além do meu marido, ninguém poderia assistir ao parto. Pelo  mesmo motivo não poderíamos fotografar e nem filmar. Para tranquilizar a minha mãe, foi combinado que quando o Miguel nascesse ele abriria a janela para mostrá-lo antes de levá-lo para a UTI. Não sei o que aconteceu logo depois, e em que momento esse combinado foi mudado, mas quando me dei conta todos estavam assistindo ao parto. 
As camadas de pele começaram a ser rompidas e o momento de conhecer meu pequeno anjo se aproximava. Mas, novamente indo contra as expectativas, os planos do Miguel eram outros. Na hora de sua retirada ele fez uma manobra muito incomum e ficou atravessado dentro da barriga, começando a sair de lado pelo braço.
A cena de dois homens apertando a minha barriga e metade do braço do obstreta dentro do meu corpo foi assustadora. Depois de muitos rodopios, que resultaram em três voltas do cordão umbilical no pé direito do Miguel, ele nasceu.
Um silêncio tomou conta da sala e a única reação que consegui ter foi perguntar ao médico se meu filho estava vivo. Nesse mesmo momento, meu marido começou a passar mal de desespero e foi tirado da sala.
Não sabia o que estava acontecendo, mas pude me acalmar quando meu marido voltou para a sala e me informou que o Miguel era um bebê forte e estava chorando. Aquelas palavras foram música para meus ouvidos. Inesquecíveis!

6 comentários:

  1. Eita, não dá para perder um capitulo dessa história... fiquei até imaginando tudo acontecer...

    Beijos

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  2. Oi Fernanda. Que lindo seu blog!
    Eu tenho também uma filha prematura, nascida de 6 meses, e só a gente que passa pra saber o susto que é. Sabia que tinha problemas na gravidez, mas minha ouvir da minha médica "teremos que fazer o parto" foi uma das sensações mais loucas que tive na vida. Chorei mt, compulsivamente, por medo, por nervoso, por angústia. Mas quando ouvi o choro da minha bebê, no parto, soube ali, que seria completamente dela, eternamente. Sabia que o caminho seria longo e mesmo não avistando a luz no fim dele sabia q ela estava lá e que juntas encontrariamos. E sei que a sua luz com o Miguel já está projetada. Um beijo grande, vou ficar aqui acompanhando, estou tentando tb escrever a história da minha Aymee em liviaressiguier.blogspot.com.

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  3. Estou acompanhando e lendo cada post... emocionante!

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  4. Um filho prematuro sempre gera preocupação, tbem tive os meus prematuros, estavam com 36 semanas, mas ainda assim tbem ficaram na Uti, uma semana, dias difíceis, mas nunca pensei que daria alguma coisa errada, sempre pensei positivo.
    Bjos

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  5. Quando eles nascem o que mais queremos é ouvir o chorinho deles!!!
    Os meus nasceram muito prematuros, com 26 semanas e o neonatologista me disse que eu iria vê-los se chorassem ao nascer!
    Eu tinha certeza que isso iria acontecer! Os 3 choraram e pude vê-los antes de serem encaminhados a Neo.
    Jamais esquecerei aqueles miadinhos do Mathias, da Carol e do Guigui
    Hje eles estão com 1 ano e 2 meses super espertos e saudáveis!
    O Miguel nasceu com quantas semanas?
    Bjs,
    Mariana
    www.mmmais3.blogspot.com

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  6. Nossa, que fortaleza, hein, Fernanda?? Vc, seus pais, seu marido... Parabéns!!!
    Tb estou adorando acompanhar o seu blog.
    beijos
    Bianca

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