quarta-feira, 6 de abril de 2011

A vida nos prepara (parte 2)

Para aqueles que acharam a primeira parte desta história um conjunto de coincidências, segue um pouco mais do que chamo de providência.
No segundo semestre de 2009 resolvi voltar a estudar. Procurando que curso e onde fazer, encontrei um curso de especialização sobre psicologia da criança. O curso tinha como foco o atendimento a crianças e famílias em situação de internação e ambulatório e me pareceu bastante interessante. Só havia um único problema: o prazo de inscrição já havia encerrado. Como aprendi muito com meus pais a não desistir facilmente, resolvi tentar aquilo que aparentemente não parecia possível: a inscrição por telefone e fora do prazo. Assim que liguei fui atendida por uma funcionária muito simpática. Indo contra toda minha expectativa, consegui fazer a inscrição, o primeiro passo em busca de uma nova formação. Depois, ainda teria que passar por todo processo seletivo: prova escrita, dinâmica de grupo e entrevista individual. 
Confesso que não apostei muito que daria certo. Principalmente quando entrei na sala de prova e vi um grupo de meninas, todas com livros e lista de bibliografia na mão, discutindo alguns temas que cairiam na prova. Naquele momento tive vontade de virar as costas e ir embora. Parecia que aquele mundo não me pertencia. Eu parecia tão mais velha do que elas, e já não me via mais com toda essa disponibilidade.
Para encurtar esta parte, acabei sendo uma das 9 meninas selecionadas a fazer o curso. Em agosto de 2009 iniciei aquele que seria mais um passo importante do meu quebra cabeça da vida. No sorteio dos grupos, fui selecionada para iniciar os atendimentos no Hospital São Paulo. Passaria pela cirurgia pediátrica, UTI pediátrica e pediatria geral.
Meu primeiro dia no hospital foi muito intenso. Ver aqueles pequenos bebês lutando pela vida não foi nada fácil. Mas teve um paciente em especial que me chamou a atenção. Era um pequeno bebezinho com síndrome de down, que já havia sido internado por diversas vezes e em todas elas, os médicos acreditavam que ele não aguentaria. A mãe, uma menina de pouco mais de 20 anos, transbordava confiança e não desanimava. Não sei que final esta história teve, mas durante os seis meses em que freqüentei o hospital, o pequeno guerreiro ainda lutava, entre internações e altas, por sua vida.
Quando engravidei, no início de janeiro, São Paulo enfrentava uma grande epidemia de H1N1. As mulheres grávidas se tornaram alvo e a atenção pra este grupo deveria ser redobrada. Sendo o hospital São Paulo um dos hospitais de referência para o atendimento desses casos, pedi o meu afastamento do curso, com medo de prejudicar de alguma forma o meu pequeno bebê. Mas me lembro do meu último atendimento: ajudar uma mãe, com seu pequeno filho internado à espera de cirurgia cardíaca, a aceitar o diagnóstico da síndrome de down.
Obviamente que naquele momento eu não me dei conta dos passos que Deus estava escrevendo pra mim, mas hoje, tudo faz sentido!
Dois meses depois o diagnóstico: Miguel tem síndrome de down.

2 comentários:

  1. Oi Fer, parabens por toda coragem e forca de contar toda sua historia!!! Sempre acompanho no face as conquistas do Miguel!!!

    So pra te dar noticias: quando eu passei na UTI em janeiro, esse bebezinho ainda estava la, mas quando no final do ano me encontrei com a Bia (ela foi minha orientadora do TCC) e perguntei sobre ele, fui informada que ele teve alta e estava em casa, as vezes ainda da entrada no hospital, mas parece estar indo bem!!!

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  2. É impressionante observar como Deus age precisamente nas nossas vidas... Fê, parabéns pela iniciativa e obrigada por permitir que possamos participar das vossas vidas. Mil beijos e um mais que especial para o nosso gostosinho. Saudade...

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